8ª Bienal Internacional de Dança do Ceará tem abertura oficial nesta sexta-feira (21) em Fortaleza
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Com a exibição do videodança Prélude à la Mer, dirigido pelo belga Thierry De Mey, a apresentação do solo biográfico Cédric Andrieux, criação do francês Jérôme Bel, e o espetáculo Prélude à L’Après Midi d’Un Faune (foto), da São Paulo Companhia de Dança, será aberta oficialmente nesta sexta-feira, dia 21, em Fortaleza, a 8ª Bienal Internacional de Dança do Ceará. Será a partir das 20 horas no Theatro José de Alencar. A noite será marcada ainda pelo lançamento do livro Bienal Internacional de Dança do Ceará _Um Percurso de Intensidades (1997/2011), que é comemorativo dos 15 anos da Bienal, e da segunda edição da revista OlharCE.
Com toda a programação gratuita, esta edição da Bienal tem atividades acontecendo desde o dia 03 deste mês o só termina no dia 06 de novembro, com programação em Fortaleza e mais dez cidades do Ceará: Paracuru, Guaiúba, Aracati (Canoa Quebrada), Sobral, Limoeiro do Norte, Itapipoca, Juazeiro do Norte, Barbalha, Crato e Nova Olinda. É apresentada pelo Ministério da Cultura, Petrobras (na qualidade de projeto convidado do Petrobras Cultural) e BNDES. Tem como patrocinadores Banco do Nordeste, Funarte, Oi e Caixa Econômica Federal, além do apoio cultural do Ministério da Cultura (Lei Federal de Incentivo à Cultura), Centro Cultural Banco do Nordeste, Oi Futuro, Governo do Estado, por meio da Secretaria da Cultura (Lei Estadual de Incentivo à Cultura), prefeituras dos municípios sedes, entre outros parceiros. A realização é da Indústria da Dança.
Lançada em 1997, a Bienal do Ceará comemora 15 anos guiando-se por princípios e diretrizes que têm caracterizado o evento ao longo de sua existência, valorizando a multiplicidade das tendências artísticas, a descentralização das ações, o acesso democrático à programação, a formação e informação do público e dos artistas da dança, entre outras pautas de grande importância. Além de consolidar e ampliar iniciativas bem sucedidas gestadas em edições anteriores, como a circulação no interior do estado por meio do programa CirculaDança, a Bienal busca estabelecer novas possibilidades de intercâmbio, investindo no diálogo com cidades e países cuja produção ainda é pouco conhecida no Nordeste.
A Bienal do Ceará este ano direciona uma atenção especial a questões relativas aos repertórios coreográficos e seus processos de transmissão nos contextos de produção, difusão e formação em dança contemporânea. Com esse intuito a programação artística conta com obras coreográficas que se tornaram marco da produção de companhias de projeção internacional, assim como remontagens e releituras de trabalhos considerados patrimônio coreográfico da dança cênica ocidental. Este ano a Bienal do Ceará recebe coreógrafos e bailarinos da Bélgica, França, Itália, Israel e Argentina, além de nomes importantes da dança no Brasil.
ABERTURA OFICIAL: Os espetáculos
Numa produção do Charlerois/Danses (Centro Coreográfico da Comunidade Francesa Wallonie-Bruxelas), o videodança Prélude à la Mer (2009. 17 min. Livre) é dirigido pelo compositor e cineasta belga Thierry De Mey e coreografado por Anne Teresa De Keersmaeker, com música de Claude Debussy. Em cena, os bailarinos Cynthia Loemnji e Marc Lorimer se confrontam com a aspereza da cena de uma catástrofe: o local de um mar em desaparecimento, o Aral Sea. Um andrógeno “fauno” é apanhado por uma impossível busca para manter o que está fadado a desaparecer. Ele/ela traça os movimentos de sua insaciabilidade, vagando nas pistas deixadas pelo que costumava ser um mar: um salgado estepe, paisagens com o solo rachado e ventos de areia.
O bailarino Cédric Andrieux interpreta o solo que leva seu nome. A obra faz parte de uma série de performances autobiográficas iniciada em 2004 por iniciativa de Jérôme Bel, um dos mais importantes nomes da dança contemporânea francesa atual. Primeiramente criou um solo para a bailarina do corpo de dança do balé da Paris Opéra, Véronique Doisneau. Em 2005, foi criado Isabel Torres, que leva o nome da bailarina do Teatro Municipal do Rio de Janeiro, bem como Pichet Klunchun & myself, um dueto desenvolvido em Bangkok em parceria com o coreógrafo e bailarino Pichet Klunchum. Cédric Andrieux (2009. 80 min. Livre) é uma auto-contemplação da carreira de Andrieux, inicialmente como bailarino contemporâneo na cidade de Brest (França) e no Conservatoire National Supérieur de Musique et de Danse de Paris; posteriormente, como performer no Merce Cunningham Dance Company, em Nova York; e mais recentemente no Lyon Opera Ballet.
A São Paulo Companhia de Dança, que em 2009 abriu a Bienal Internacional de Dança do Ceará, com Entreato, vem agora com Prélude à l’àpres-midi d’um Faune (2010. 8 min. 14 anos). Criada em 1994, esta é a segunda versão da canadense Marie Chouinard à coreografia original de Vaslav Nijinsky (1889-1950), composta em 1912. Na primeira versão de L’ Après-midi d’un Faune, de 1987, Chouinard partiu da observação das fotos que Adolphe de Meyer fez da coreografia de Nijinsky (1889-1950). Em 1994, a coreógrafa incorporou a música de Debussy na obra e se valeu da horizontalidade, da bidimensionalidade, da posição das mãos retas e dos pés em rotação interna. As ninfas de Nijinsky aqui se tornam luz. A SPCD, dirigida por Iracity Cardoso e Inês Bogéa, é a primeira companhia no Brasil a dançar uma obra de Chouinard. O solo é interpretado por Irupé Sarmiento.
No Cuca Che Guevara, às 19 horas, o italiano radicado na Noruega, Francesco Scavetta, apresenta, com sua companhia Wee, o espetáculo Surprised Body (2010. 65 min. Livre), criado em colaboração com os bailarinos Juan Dante Murillo Bobadilla, Gry Kipperberg, Meri Pajunpää, Arnulfo Pardo Ravagli, Orfee Schuijt, Kristina Søetorp e Soile Voima.
Em PARACURU e SOBRAL
Em Paracuru, dois espetáculos serão apresentados no dia 21, ambos no Teatro David Linhares, na Escola de Dança de Paracuru. Às 19 horas, a Paracuru Cia. de Dança apresenta o resultado da primeira fase do trabalho realizado no Ateliè de Remontagem Coreográfica de So Schnell, conduzido pela francesa Cathérine Legrand entre os dias 03 e 11 deste mês. So Schell é a última obra de Dominique Bagouet, considerado um dos grandes precursores da nova dança contemporânea francesa, falecido em 1992. De 24 a 26 acontece a segunda fase do ateliê, que será conduzido por Sylvain Prunenec. No dia 27, às 21h, a o espetáculo no Teatro Dragão do Mar em Fortaleza. Dominique Bagouet e Sylvain Prunenec são integrantes do Carnets Bagouet, associação que remonta e transmite os espetáculos criados pelo coreógrafo para companhias de todo o mundo.
O segundo espetáculo da noite será com os alunos da Escola de Dança de Paracuru, apresentando às 20h o espetáculo Mova-se (2009. 15 min. Livre), coreografia de Ivaldo Mendonça, com direção Flávio Sampaio.
Em Sobral, no palco do Theatro São João, apresenta-se às 20h o Lume Teatro, de São Paulo, com o espetáculo Sopro (2006. 50 min. 16 anos), solo criado por Carlos Simioni, Tadashi Endo e Denise Garcia, interpretado por Simioni. E às 21h, a cearense Marina Carleial apresenta o solo Compartir (2010. 40 min. Livre), concepção, performance e figurino da própria intérprete, que teve a preparação teatral de Catharina De Papas e consultoria teatral de Danilo Pinho.
Foto: João Caldas