Brutos é um improviso que dança a ocupação do sertão cearense. A obra, ainda em processo, persegue as formas ambíguas de amor e violência
que povoam o imaginário sertanejo. Brutos é a aflição do reencontro com nossa história em ruínas, das marcas atravessadas nos corpos do homem-animal,
do som dominante dos chocalhos e das dores teimosas que não nos deixam esquecer o que nos constitui. O material que inspira esse trabalho surge de
uma viagem realizada em 2015 pelo Sertão Nordestino pelo Programa Rumos Itaú Cultural. Na cidade de Arneiroz - especificamente em um curral do Assentamento
Mucuim II – os atores Loreta Dialla e Márcio Medeiros exploraram em movimentação violenta e circular a ancestralidade da ocupação do sertão cearense
e reviveram em seus corpos a animalidade das histórias de amor, de dizimação e de fundação do que hoje conhecemos por Sertão dos Inhamuns. A improvisação
foi acompanhada pelas sonoridades abertas e dissonantes de Ayrton Pessoa Bob com seus sintetizadores ao vivo e pela câmera contaminada e frenética
de Leonardo Mouramateus. O resultado foi um material bruto e muito potente, cujo vídeo já se tornou uma instalação premiada no 67º Salão de Abril,
com a colaboração de Alexandre Veras.
Atores performers Loreta Dialla e Márcio Medeiros Direção Fran Teixeira Música Ayrton Pessoa Bob Vídeo Alexandre Veras
Teatro Máquina é um grupo de pesquisa e produção teatral de Fortaleza (CE) que desenvolve há 13 anos a investigação intensa de procedimentos criativos. Em sua trajetória destacam-se os espetáculos Quanto Custa o Ferro?; (2003), Leonce + Lena; (2005/2012), “O Cantil” (2008), Répéter; (2009), “João Botão” (2010), “Ivanov” (2011) e “Diga que você está de acordo! MÁQUINAFATZER” (2014).