Coração massageado e esqueleto balançado. Esse é terreno ao qual se chega pelo som construído e elaborado por Alan Morais. Passeando pelo som como um disc jockey à moda antiga, desacreditando na “evolução natural” da música e na morte do vinil ao trabalhar com invenções a partir dos encantos que depura através do LP. Isso muito antes de expandir a música sanatorial, a qual compõe e dirige no Bloco Sanatório Geral, nessa atmosfera de repertório do que brota “no meio da rua, dançando bem solto, ninguém me segura”, como aponta a melodia de “Sei lá o que a gente é”, dando vida musical a seres satíricos como Siguimundo Froidi e Antôin Vicente, sem falar na Lagarta de Fogo, um bicho movido à música e outras danações.
DJ Alan Morais, na contramão dos rótulos, já transitava com notoriedade por lugares como o rock, o soul, a MPB e o samba-rock, passeando por períodos diversos como a sonoridade setentista. Notoriedade construída pelo prazer de ouvir e inventar, de morar em muitos lugares e não enxergar a música, mas incorporar no seu dia-a-dia, a todo momento feito com o som.