A 9ª Bienal de Dança

Em 2013 a Bienal Internacional de Dança do Ceará chega a sua 9ª edição. Ao longo de quase duas décadas, o evento vem contribuindo para dinamizar, local e nacionalmente, a difusão da dança cênica em suas múltiplas configurações. Paralelamente, promove um importante diálogo dos artistas da dança cearense com criadores e instituições de outros contextos, fomentando o intercâmbio de experiências, a reflexão, a circulação e a produção de conhecimento na área. 

De 18 de outubro a 6 de novembro, em Fortaleza, Paracuru, Itapipoca, Sobral, Juá, Tabuleiro do Norte, Crato, Juazeiro, por meio de espetáculos, performances, oficinas, palestras e coproduções, entre outras atividades que compõem a programação, a Bienal dá continuidade ao intenso trabalho que vem realizando nos seus 17 anos de existência.
Com a programação inteiramente gratuita e contando com a participação de artistas locais, bem como de outros estados e países, a Bienal evidencia distintos modos de fazer dança. Investindo num amplo recorte de propostas representativas da produção contemporânea, apresenta trabalhos do Ceará, Recife, Piauí, Goiás, São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná e Porto Alegre, além de obras provenientes de Portugal, Espanha, Alemanha, Bélgica e França.

Nessa edição, uma atenção especial é conferida à criação coreográfica que se configura a partir do diálogo com as danças urbanas. Envolvendo desde artistas internacionalmente consagrados até jovens intérpretes iniciando um percurso autoral, a Bienal apresenta trabalhos que se desdobram na confluência do gestual das múltiplas configurações da dança de rua com a encenação contemporânea. Ao mesmo tempo, promove um debate em torno dessa produção, buscando ampliar a discussão, a percepção e a compreensão acerca das forças que atravessam esse lugar de invenção. Num movimento de inclusão de públicos, de aproximação e de convite à exploração desse entre-lugar, a Bienal faz-se presente em contextos onde pulsam as danças urbanas. É dessa forma que Mondubim, Serrinha e Barra do Ceará passam a integrar o circuito de apresentações e oficinas da programação. 

Com o intuito de ampliar o espectro de suas plateias, a Bienal direciona ações específicas para o público infantil. A “Estação Dança Criança”, iniciada em 2011, promove a apresentação de três obras que, nos mais distintos circuitos de circulação, vem fazendo grande sucesso junto à criançada: Menu de Heróis (PI), Emquanta (SP) e Mistura – a dança das coisas (CE).

No que diz respeito aos convidados internacionais, pela primeira vez em muitos anos temos o privilégio de programar sete artistas totalmente inéditos na Bienal. Nesse grupo de convidados incluem-se criadores-intérpretes de grande maturidade artística e cênica, como Catherine Diverrès (FR) e Fabrice Ramalingon (FR). Regina Advento (ALE-BRA), integrante de longa data do Tanztheather Wuppertal de Pina Bausch, completa esse rol de criadores. Esta, juntamente com Riki von Falken (ALE) e com Marco Goecke (ALE), cuja obra Peekabo é apresentada pela São Paulo Companhia de Dança, configura um pequeno recorte da paisagem coreográfica alemã. Um toque histórico acerca da dança desse país fica por conta da espanhola Olga de Soto (BE-ESP), que mostra uma conferência-espetáculo em torno da obra Mesa Verde, de Kurt Jooss. Sofia Dias e Vítor Roriz (PT) evidenciam o vigor e a singularidade da cena portuguesa enquanto o trabalho de Louise Vanneste (BE) exemplifica a sofisticação da produção belga.

Entre os artistas e companhias nacionais programados para essa edição figuram companhias de grande projeção já conhecidas das plateias cearenses, tais como Grupo de Rua/ Bruno Beltrão (RJ), Quasar Cia de Dança (GO), Staccato | Paulo Caldas (RJ-CE), Balé do Teatro Guaíra (PR) e São Paulo Companhia de Dança (SP). Através destas duas últimas, o público local tem acesso tanto ao trabalhos de artistas consagrados internacionalmente como a obras de coreógrafos brasileiros especialmente criadas para essas companhias. Artistas como Cláudio Lacerda (PE), William Freitas (RS) e Rafael Guarato (MG) apresentam-se pela primeira vez na Bienal, indicando a atenção da Bienal a movimentos que acontecem fora dos grandes centros de produção. 

A cena local se faz presente por meio de criadores experientes, como Valéria Pinheiro, Silvia Moura, Fauller, Gerson Moreno, Héber Stalin e Carlos Santos entre outros. Com seus respectivos grupos e produções, esses artistas brindam tantos as plateias da capital como as do interior, mostrando a força, personalidade e diversidade da cena local. BBoys de vários bairros de Fortaleza, além de jovens criadores da capital e do interior também encontram espaço na programação.

Nessa edição, a Bienal dá continuidade à política de descentralização de ações de formação e difusão que vinha adotando em edições prévias. Para tanto, através do programa Circuladança, promove cursos, residências, coproduções e apresentações cênicas em sete cidades do interior. Estabelece assim distintos trajetos de circulação, que juntos com os diversos palcos da capital, tecem uma ampla rede de “estações” de difusão de dança. Muitas são as atividades e conexões gestadas no contexto dessa teia de palcos e percursos. A coprodução envolvendo a Paracuru Cia de Dança e a companhia belga As Palavras, realizada com o apoio da Bienal, é um exemplo de desdobramento que pode resultar desse entrelaçamento de percursos artísticos. 

No decorrer de sua existência, a Bienal se consolidou também como um lugar de encontros e partilhas. Para além dos palcos e estúdios de dança, a programação paralela do evento inclui uma extensa lista de atividades, de performances e shows musicais a intervenções urbanas, instalações artísticas e festas. São ações que conferem ao evento um caráter efervescente e acolhedor, agregando artistas e público em espaços comuns de celebração da arte e da vida. Em 2013, o Centro Dragão do Mar acolhe grande parte dessa programação: são as Fringes da Bienal no Dragão do Mar, um espaço para aqueles que, após os espetáculos, desejam continuar navegando nas intensidades que atravessam a Bienal. 

Fortalecendo as parcerias que vem realizando nos últimos anos, a Bienal conta nessa edição com o apoio de várias instituições culturais que contribuem de forma decisiva para potencializar o alcance e a efetividade das ações realizadas. Entre estas, destacamos a Secretaria de Cultura de Fortaleza, a Secretaria de Cultura do Ceará, as graduações em dança do Instituto de Cultura e Arte da UFC, a Escola Pública de Dança da Vila das Artes, a Secretaria de Juventude de Fortaleza, os CUCAs, o Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura e o Centro Cultural do Bom Jardim.
A todo o público, desejamos que essa Bienal seja mais uma fantástica oportunidade para apreciar e vivenciar danças que vibram e fazem vibrar os tempos e espaços que habitamos.

A IX Bienal Internacional de Dança do Ceará tem o patrocínio da Petrobras e da Caixa Econômica Federal. Co-Patrocínio: Funarte, Governo Federal, via Ministério da Cultura, e Governo do Estado do Ceará, por meio da Secretaria Estadual da Cultura. Promoção: Prefeitura de Fortaleza, por meio da SECULTFOR, Secretaria da Juventude e Cuca. Apoio Institucional: Wallonie-Bruxelles Internacional, Goethe Institut, Instituto Francês, Vila das Artes, BNB Juazeiro do Norte, Prefeitura do Crato, Prefeitura de Sobral, Theatro São João, Secretaria de Cultura do Paracuru e Grupo O Povo. Parceiros: São Paulo Companhia de Dança, Governo do Estado de São Paulo, Tecnograf Gráfica Editora, Circuito Brasileiro de Festivais Internacional de Dança (Bienal Internacional de Dança do Ceará e Festival Panorama), Dança em Foco, Sesc Senac, Cruz Vermelha do Ceará e Ecocarbon. Realização: Bienal Internacional de Dança do Ceará, Indústria da Dança, ProArte, Quitanda da Artes, Theatro José de Alencar, Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura e Instituto Dragão do Mar.

David Linhares e Ernesto Gadelha